Luan / Underpendente: Você está sendo atualmente uma das vozes mais elogiadas do circuito paulistano. Me conte um pouco da sua carreira desde o principio até agora.
Monique Maion: Puxa, fico muito feliz em receber um elogio desse. O princípio é muito relativo. Comecei a cantar em bares e fazer shows muito nova. Com 15 anos já tocava em São Paulo e até arrumei gigs em Oxford e Londres, mas o meu foco mudou em 2005 quando decidi me dedicar ao jazz e suas vertentes. No príncipio cantava apenas standards do Real Book, hoje mantenho os standards que me comovem e gosto de misturar com minhas composições e com releituras mais atuais, porém com o mesmo background. Tom Waits é exemplo forte e constante - peculiar com sua raiz jazzística. Já escutou Closing Time?
Luan / Underpendente: As músicas que estão em seu Myspace são todas em inglês. Você possui músicas em português? Porque a escolha da língua inglesa na hora de compor?
Monique Maion: Tenho composições em português, mas a maioria é em inglês. É uma questão simples. Respeito o fluxo natural das palavras na melodia composta. O que a música pedir, eu faço. É ela que manda em mim.
Luan / Underpendente: Quando se fala em jazz, folk logo vem à cabeça a figura de PJ Harvey, Bob Dylan e quando eu ouvi suas músicas, o primeiro nome que me veio foi o de Nancy Sinatra, talvez por ela também ser uma cantora/compositora de jazz. Você conhece o trabalho dela? É uma influência pra você?
Monique Maion: Conheço e gosto muito, mas as cantoras/compositoras que considero minhas mentoras são Memphis Minnie, Big Mamma Thorton, Malvina Reynolds, Odetta, Billie Holiday, Janis Joplin e as mais novas como Cat Power, PJ Harvey e Camille que amo de paixão.
Luan / Underpendente: Você que compõe todas as suas músicas, certo? De onde você tira inspiração para escrever as letras?
Monique Maion: Gravo algumas releituras também. Componho muito observando fatos rotineiros, comportamentos padrões sociológicos. Procuro viajar sozinha todo ano à procura de inspiração. Acabei de voltar da Argentina onde passei 8 dias peregrinando e compondo. Escrevi um diário de viagem que renderam quase 100 páginas com pensamentos, fatos bizarros que passei e novas músicas. A inspiração vem sem problemas nessa hora.
Bariloche é uma cidade pra casal e eu estava lá - mochileira sola. Sentia-me observada 100% do tempo. As mulheres com olhar crítico ou de pena, as famílias com certa estranheza, os homens com testosterona (não podem ver mulher sozinha). Esse comportamento padrão condicionado me irrita. Nessa nóia escrevi “Bunda de Moscas” e assim vai fluindo. Peguei carona com um Cowboy local quando estava perdida em uma estrada. O cara tem uma vida dedicada aos cavalos, uma outra realidade, uma paixão, uma cultura. Fiquei um tempão conversando com ele, conversa que rendeu uma nova para o Sunset.
Luan / Underpendente: Como surgiu a oportunidade para gravar o seu primeiro disco que recebe o nome de “Lola”? Porque o nome “Lola”? Ele já tem data certa para ser lançado?
Monique Maion: A oportunidade nessa realidade que vivemos é apenas uma - Independente. Lola é uma prostituta que quase se casa e tenta se inserir no meio social considerado “aceitável”. Procura um amor, fica noiva do Charlie, mas percebe que sua realidade é outra, a “não aceitável” para os demais. Ela se satisfaz com as luzes de néon e com a boemia, o que tem de errado nisso?
É uma crítica a esses padrões impostos, estímulo para o ceticismo pessoal. Uma vez conheci uma prostituta que me disse “Ser puta é inerente a mim”. Por mais que eu não exerça, eu sou. Eu gosto. Não vou lutar contra isso por aceitação. Se sou e ponto final, escolho entre ser puta de centro ou puta de luxo. “Seja puta de luxo em tudo que faz.” Voi-lá. Pirei.
Luan / Underpendente: Como você define o seu estilo musical?
Monique Maion: ah, esse lance de “definição” é muito chato. Restringe meu campo de trabalho. Gosto de deixar o horizonte bem amplo.
Luan / Underpendente: Ao vivo você costuma tocar com uma banda de apoio, certo? Quem
são os músicos?
Monique Maion: A banda está fueda de bom, a melhor formação que tive. Maurício Biazzi (Patife Band) no contra-baixo acústico, Piero Damiani (Numismata) nos teclados, piano e afins, Thitcho na guitarra semi-acústica e violão e Ladislau Kardos (Mamma Cadela) na bateria. Nos divertimos para cacete no show. Esse é meu grande barato. Estou acompanhada por músicos talentosos de corações grandiosos.
Luan / Underpendente: Você e o Gustavo Garde vocalista do Seychelles estão com um projeto autoral chamado Sunset. Fala um pouco sobre esse novo projeto?
Monique Maion: O Sunset é uma idéia que tive em janeiro/08 após conhecer o trabalho solo do Gustavo (a trilogia a Carruagem, Sangralove e Ancestral). Tinha algumas composições guardadas, uma delas era Fatherhood. Sempre tive em mente um projeto minimalista, simples e belo, uma dupla. Convidei o Gustavo e embarcamos na idéia. Compartilhamos músicas e anseios. Nossa entrega foi de corpo e alma. É um projeto de amor incondicional e muito orgulho. Benfeitor para nós e queremos passar essa mensagem para os outros.
Luan / Underpendente: Como foi o processo de seleção do repertório e produção das músicas do Sunset?
Monique Maion: Sempre trabalhamos juntos nas composições e/ou nos arranjos. Em abril/08, o Fábio Pinczowski (Mamma Cadela), grande produtor e grande amigo, nos convidou para gravar no famoso Sítio Zeide. O lugar é mágico, ao chegar compomos Run with me. A música foi um presente da boa energia que estávamos inseridos. Percebi que a “vibe” do EP seria essa! Foram 4 dias maravilhosos e puxados de composição, arranjos e gravação.
Luan / Underpendente: A partir de agora, você vai cumprir com sua agenda de shows solo e com a Sunset, é isso?!
Monique Maion: É isso e mais um pouco. Minha vida rotineira é uma loucura. Durmo 4 horas por dia porque trabalho num meio burocrático gigantesco para pagar as contas e a partir das 18h trabalho nos projetos – ensaios, shows, composições, trilhas etc. É muito puxado, mas nós músicos não ganhamos porra nenhuma e o tratamento é uma beleza! Exemplar o campo de trabalho no Brasil, viu? Dá uma vontade de fazer arte aqui... Raramente um show dá retorno financeiro. Ser puta de luxo na música e no Brasil não é simples, não. Mas concilio a agenda MonMaion, Sunset e sempre que posso dou um canja no show dos amigos – Mamma Cadela, Seychelles, Ancestral, Ludov e as outras bandas composta pela galera.
Luan / Underpendente: O que podemos esperar da Monique Maion pro futuro?
Monique Maion: Uhmm, talvez eu venda calcinhas pintadas à mão na beira da estrada.
Links da Monique Maion:
4 comentários:
Me pareceu a Bianca Jordão nessa primeira foto!! ^^
Ain..mto foda...n conhecia, vou ouvir jáaaa!! o/
O Blog cada vez mais interessante. Parabéns Luan!
bjooooooooo
essa entrevista!
essa monique é doidinha da cabeça...
ass: coelho
A Entrevista com a belissima Monique Maion está ótima. Ela é um arrazo!
Parabéns Luan!
Babadeiraaa a entrevista! Essa Monique Maion é um escÂndalo!
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