segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Entrevistando Zebra Zebra

Foto: Maurício Ito

Se você é figurinha certa nos shows de rock em São Paulo ou adjacências, ou então é aquele pesquisador de bandas independentes, você já deve ter visto ou ouvido falar na banda Zebra Zebra. Os garotos vêm fazendo um belo trabalho e isso vem dando as boas conseqüências agradáveis que é o destaque e reconhecimento pra Zebra Zebra. E agora a banda comprovou sua longa vida na cena independente brasileira, conquistada com um trabalho sólido, galgado de degrau por degrau ao longo de uma carreira de 7 anos e estão prestes a lançar o primeiro cd da banda cujo nome é "Cabeças novas também mofam", e inclusive na página do Myspace da banda ( www.myspace.com/bandazebrazebra ), já tem pra escutar uma música do cd, a música se chama: “Já dizia minha vó”. Para falar melhor da fase vivenciada pela banda, conversei com um de seus integrantes, o vocalista Kennedy. E na entrevista ele conta um pouco sobre a história da banda, carreira do grupo, como foi o processo de gestação do disco, planos futuro e muito mais...
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Foto: Maurício Ito

Luan / Underpendente: Como surgiu a banda e como vem sendo o dia-a-dia da Zebra Zebra desde o seu surgimento até hoje?

Kennedy: A banda surgiu em 2001 com o nome de Same Joke. Começou como uma forma de tocar as músicas de outros artistas que a gente gostava de ouvir. Mas desde o começo a gente mostrou inclinação a preferir tocar musicas próprias. Já no primeiro show nós tocamos uma musica nossa. Desde então tem sido muito ensaio, composições, 2 demos lançadas, um clipe gravado, alguns prêmios (Demofest e Curta Santos) e finalmente o primeiro disco. Foram 7 anos de muita produção e aprendizado. Tudo foi ótimo principalmente pelo aprendizado.

Luan / Underpendente: A Zebra Zebra está prestes a lançar o primeiro CD da banda que recebe do nome de "Cabeças novas também mofam". O que a galera que curte a banda pode esperar desse novo material?

Kennedy: O titulo do disco vem de uma música chamada “Roupas novas também mofam”. O trecho é o seguinte:

O toca disco mais moderno já está quebrado
Tocando todos os sucessos do ano anterior
Sabemos que cabeças novas também mofam
Esperando algum tipo de frescor

Acho que esse trecho resume bem o espírito do cd e da banda no momento. São 13 músicas feitas com a vontade de soar original, mas nada forçado. Não temos uma meta “Temos que ser geniais e originais”, longe disso. Queremos mesmo é que as pessoas se identifiquem, reflitam e se divirtam com as nossas músicas. Se alguém procura repetição de outrem ou de nós mesmos no nosso trabalho vai se decepcionar. Mas tenho certeza que o número de pessoas que gostam de se surpreender ainda é enorme no Brasil.

Luan / Underpendente: A produção do disco ficou por conta do Fabrício do Garage Fuzz, isso!? Conta um pouco dessa produção.

Kennedy: O Fabrício foi peça fundamental pra captar o que o Zebra Zebra queria passar. Nos registros anteriores todo instrumental não foi captado da forma que gostaríamos, mas como não tínhamos experiência achávamos que era pra ser daquele jeito mesmo. Com ele foi diferente. Ele tem um ótimo background com o Garage Fuzz e entrou de cabeça nas nossas experiências. Acredito que ele tenha ficado muito feliz com o resultado do disco e isso só veio somar no clima da gravação. O cara manja de rock. O mais legal é que as referências dele vem do exterior, e o nosso diferencial vem de influências brasileiras. Foi um casamentto perfeito. Valeu a pena ter o Fabrício no estúdio conosco. A única coisa que ele ficou devendo foi uma participação no coro de uma musica. Ele só se desviou disso, mas tudo bem. hehehehe

Luan / Underpendente: Uma prática que vem se tornando cada vez mais comum entre os artistas e/ou músicos é o lançamento via internet de seus trabalhos. O que vocês têm a dizer sobre este processo de mudança de toda a indústria fonográfica e que de forma direta atinge a todos. Qual o papel da internet na vida dos artistas, de forma geral, e como vocês avaliam que este cenário vai se conduzir, enfim, se firmar?

Kennedy: De fato o modelo antigo: “artista – jabá – grande gravadora – disco de platina” se abalou. As grandes gravadoras estão tendo que mudar (mesmo que contra a vontade). Voltando ao mundo das pessoas reais, ou seja, artistas “pequenos” e independentes acho que esse é o melhor momento da música. O público tem acesso a uma infinidade de artistas que antes só conheceria se o artista tocasse na cidade e se por sorte ele ficasse sabendo disso. Agora a divulgação está muito maior. Como o Zebra Zebra daria uma entrevista sem antes ter lançado um disco de fato?
O que nós “pequenos” e independentes temos que entender é que é preciso envolver o seu público. Oferecer mais do que só a música. O Zebra Zebra procura fazer isso com os vídeos na internet, os podcasts, material de merchandising, vídeo clipe e etc. Sei que precisamos melhorar muito, mas pelo menos sabemos que só a musica não basta. Eu acredito na firmação desse cenário justamente aí. A música é o que vai te ligar ao público e todo resto vai envolve-lo. Quem fizer isso da melhor forma por mais tempo, vai ter mais sucesso. Mas isso é só um palpite. Afinal, estamos bem no olho desse furacão. Difícil ter previsões.

Luan / Underpendente: Se fosse pra dar um estilo pro som da banda, qual estilo vocês apontariam?

Kennedy: Essa é a pergunta mais difícil pra qualquer banda. Eu acho que seria rock alternativo com influências de musica brasileira. Acho que cada um que ouvir vai achar uma coisa. E isso é ótimo.

Luan / Underpendente: Recentemente a Zebra Zebra ganhou um importante prêmio de cinema, o "Curta Santos" na categoria Melhor Videoclipe. Como foi receber esse prêmio e qual a importância dele pra vocês?

Kennedy: Foi importantíssimo pela grande exposição que gerou em toda Baixada Santista e até fora dela. Mas foi importante pelo reconhecimento. Tudo que fizemos até agora foi na ralação mesmo. Ganhamos um festival do Governo de SP, ganhamos o clipe, rodamos com o maior cuidado, ficou realmente bom e ganhamos os dois principais prêmios: Júri e audiência. Isso só veio pra provar que o clipe merecia mesmo. Isso foi bom pra auto-estima da banda. Porque é cansativo ralar tanto e não ter reconhecimento. Quem tem banda sabe do que eu estou falando. Quem não conhece o meio independente acha que sua banda nunca é tão boa quanto as que estão nas rádios e na tv. E é bom ver que tem gente que acha o teu trabalho tão bacana quanto. A exposição foi ótima, mas a questão psicológica foi ainda maior e melhor.

Luan / Underpendente: Qual o grau de importância vocês desejam pra banda o "sucesso" ou "reconhecimento" ou os dois?

Kennedy: Sucesso pra qualquer artista que se preze é o reconhecimento. As duas coisas são praticamente a mesma. Acho que a diferença maior mesmo é entre Sucesso e Fama. Ser famoso deve ser muito bom, desde que o seu trabalho seja bem sucedido. Desde que seu trabalho seja realmente bom e seja querido pelas pessoas. Ser apenas famoso deve ser um saco. Imagina a vida de um ex-BBB. Todo mundo adora sem nem saber o nome do cara. Enfim, eu fico com o meu conceito de sucesso. Se rolar fama, ótimo, é algo a mais. Mas fama sem sucesso eu não quero mesmo.

Luan / Underpendente: Cite algumas das influências da banda?

Kennedy: As bandas brasileiras que faziam sucesso no underground quando a gente começou foram essenciais: Noção de Nada, Street Bulldogs, Dead Fish e Garage Fuzz. E com certeza o nosso gosto por samba-rock e etc foi tomando conta do nosso trabalho. Jorge Ben é praticamente unanimidade na banda. Boa musica é sempre uma influência. Seja pela letra, melodia ou simplesmente o conceito.

Luan / Underpendente: Da cena alternativa, o que vocês têm ouvido, curtido e acreditam que têm futuro?

Kennedy: Eu gosto muito de Ecos Falsos, de São Paulo. Eles já tem uma relativa notoriedade no meio independente. Gosto muito de Radiola Santa Rosa, que é um duo de Guarujá. Tem outra banda de Santos chamada Sweet Cherry Fury, que infelizmente acabou, mas era bem interessante. Mas você percebe que vivemos num momento em que a gente se aprofunda pouco nos trabalhos dos artistas? Essas são as primeiras que vieram à cabeça. Mas existem tantas outras interessantes: China (Pernambuco), Montage (Ceará), CineDisco (Rio de Janeiro) e por aí vai...

Luan / Underpendente: Para finalizar: quais são os projetos futuros da Zebra Zebra? O que a banda almeja para o futuro?

Kennedy: Estamos batalhando pra fazer um lançamento legal. Divulgar bem o nosso disco. Tocar em várias cidades pela primeira vez. Tudo isso é o que nos anima a continuar com a banda. Não é fácil. Mas quem falou que seria, não é mesmo? hehehe
Vamos gravar o clipe da nossa primeira musica do disco, a “Já dizia minha vó” e tentar preparar uma tour no estado de SP e depois fora de SP.

Luan / Underpendente: Valeu pela entrevista Kennedy! Para finalizar, deixe uma mensagem:

Kennedy: Luan, Muito legal teu trabalho. Bacana mesmo compilar as notícias mais legais e sempre procurar conteúdo original. Isso é super válido e que faz a internet ser o que é.
Espero, em nome de todo Zebra Zebra, que vocês ouçam o disco inteiro. Entendam um pouco mais sobre o nosso trabalho e a nossa vontade de crescer musicalmente e artisticamente. Lembrem-se “Cabeças novas também mofam”. Eae? Vai ficar parado? Abraços!!!

Capa do disco "Cabeças Novas Também Mofam"

Links da Zebra Zebra:

www.myspace.com/bandazebrazebra
www.fotolog.com/bandazebrazebra
www.youtube.com/zebrazebratv
contatozebrazebra@gmail.com

domingo, 2 de novembro de 2008

Festivais de Novembro

Festival DoSol (RN)
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Em sua quarta edição, o festival natalense continua com o grande pique rock’n’roll que o marcou desde o princípio. Bandas como Mundo Livre S/A, Ludov (SP), Devotos (PE), MQN (GO), Walverdes (RS) e Autoramas (RJ) já marcaram presença em anos anteriores ao lado de várias bandas locais, tornando o DoSol um evento marcante dentro do calendário anual de Natal. Uma série de palestras também já ajudaram a fazer com que as bandas locais conseguissem visualizar a possibilidade de auto-gestão. Para a edição de 2008, o DoSol amplia seus apoiadores em número e qualidade, saindo do apoio de uma Lei Municipal de Incentivo à Cultura, conquistada em sua segunda edição, para o apoio da Oi e do Praia Mar hotel, além da Lei Câmara Cascudo, Trama Virtual, Cerveja Sol e Diginet, mostrando também para a iniciativa privada a importância do festival para a cena local. O recheio do bolo da quarta edição também vem delicioso. Forgotten Boys (SP), Black Drawing Chalks (GO), The Donnas (EUA), Mukeka di Rato (ES), AMP (PE) e Torture Squad (SP), são alguns dos ingredientes. Claro que tem The Sinks (RN), Camarones Orquestra Guitarrística (RN), Rosa de Pedra (RN), Expose Your Hate (RN) e Calistoga (RN), a prata da casa, né? Um festival que tem cara, gosto e cheiro de rock’n’roll. E claro, pra conferir tudo isso aí, não é necessário estar in loco (a pesar de ser a melhor opção...). O Portal Fora do Eixo trará sua cobertura ao vivo com a Web Rádio Fora do Eixo, além da cobertura textual. Outro veículo que também estará checando tudo de perto, e estes começaram antes mesmo do festival, é o Portal Rock Potiguar. Enfim, ainda existem boas opções pra quem não tem os R$20,00 necessários para a entrada dos dois dias (casadas – separadas elas custam R$15,00 cada), ou não estará em Natal entre os dias 01 e 02 de novembro. E para ficar mais por dentro do Festival, acesse: http://www.dosol.com.br/

Festival Gig Rock (RS)

A primeira edição do festival GIG ROCK aconteceu em 2006. Idealizado pela produtora Beco 203, sua proposta original era de uma festa que reunisse bandas importantes da cena independente gaúcha e DJs de rock. O GIG ROCK chega a sua sexta edição recheando Porto Alegre com algumas das atrações mais legais da música independente local e nacional, além de debates super bacanas e a discotecagem rock que sempre rola no Beco. Esta sexta edição traz ainda uma boa e importante novidade ao festival, é a primeira edição do GIG ROCK como membro da ABRAFIN, a Associação Brasileira de Festivais Independentes. São dois dias com o melhor da música independente sulista e brasileira, debates sobre música independente no Brasil e no mundo com gente que entende do assunto e pista rock com os DJs residentes do Porão do Beco, Gabriel Machuca e Rafael Schutz, neste que é o maior festival de música independente do sul do país. O festival conta com uma ótima programação, tendo no seu line up bandas destaque no cenário independente como: Canastra (RJ),Do Amo r(RJ), Wander Wildner (RS), Mallu Magalhães (SP), Montage (CE), Canja Rave (RS), entre muitos outros. E para saber mais sobre o evento: http://www.beco2003.com.br/

Goiânia Noise (GO)

Um dos mais expressivos festivais independentes brasileiros lançou recentemente a programação de sua edição de 2008. Nela figuram nomes brasileiros como Instituto (SP), Marcelo Camelo (RJ), Cabruêra (PB), Lucy and The Popsonics (DF), Guizado (SP) e Frank Jorge (RS), gringos como Vaselines (Escócia – com participação de membros do Belle and Sebastian), Black Lips (Estados Unidos), Black Mountain (Canadá), The Flaming Sideburns (Finlândia), Helmet (Estados Unidos) e vários goianos como Black Drawing Chalks, MQN, Diego de Moraes, MUGO e Gloom, todos divididos em dois palcos (um apresentado pela própria Monstro Discos e outro apresentado pela Trama Virtual) entre os dias 21 e 23 de novembro, no Centro Cultural Oscar Niemeyer em Goiânia. Essa já é a 14º edição do festival goiano, que se torna ainda mais especial devido à comemoração de 10 anos da Monstro Discos, produtora responsável pelo Goiânia Noise. Além da programação musical repleta de ótimos nomes, o Goiânia Noise 2008 ainda insere em sua programação a Feira Brasil Central Music, uma feira organizada pelo SEBRAE (parceiro da Monstro no festival) e que terá três dias de rodadas de negócios, workshops e pequenos shows, na semana anterior ao festival. Para mais informações do Festival e saber a programação completa, entre nesse link: http://tramavirtual.uol.com.br/noticia.jsp?noticia=7731