terça-feira, 3 de junho de 2008

Entrevistando Seychelles

Foto: Habacuque Lima

O Seychelles está no centro de uma super explosão da música
independente na cena paulistana. Com músicas impressionantes
parecendo feitas de esculturas e obra moderna e com variadas
parcerias. Conversei com Fernando Coelho e Renato m Cortez
e eles falam sobre a banda e o que vem por ai...

Bem-Vindos!

Luan / Underpendente: Como surgiu o Seychelles?

Renato: Seychelles surgiu da união de dois nichos diferentes. No fim de 2002, existia o Zumbigo, banda que Renato, Chapolin e Fabio Pinc, produtor dos discos do Seychelles faziam parte. Gustavo já fazia parte de outras bandas mais antigas com Renato e Fabio, na fim da década de 90. Mas foi quando Coelho apareceu, em 2002, que o Seychelles nasceu, em uma rave.

Fernando: Era pra ser uma banda de música própria para subir no palco e extravazar nossa toxina paulista.

Luan / Underpendente: O Seychelles é uma explosão criativa da música independente de São Paulo. Por quem são compostas as músicas da banda? Existe algum tipo de inspiração para elas serem compostas?

Renato: Em sua maioria, por Gustavo e Coelho. Diz aí, Coelho,,

Fernando: Todos na banda compoem. Atualmente o processo de composição tem sido cada vez mais compartilhado. Composições de casa costumam ser mais introspectivas, mas quando queremos algo mais direcionado, acabamos sabendo o que precisa ser criado depois uns cigarros. No nananenen temos muitas maluquices pessoais e devaneios otimistas como inspirações. As músicas no contexto do disco como um todo trazem uma dualidae constante, tanto na sonoridade quanto nas letras. São temas diferentes mas que são do universo de todos nós.

Luan / Underpendente: A banda já tem dois trabalhos lançados, o EP e o Ninfa do Asfalto. Os dois foram lançados de forma física?

Renato: Sim, sim! Com artes gráficas muito bonitas, feitas por nossos amigos artistas Serguei Dias e Dado Mota, respectivamente.

Fernando: Acreditamos no objeto palpável de arte consumível e colecionável.

Luan / Underpendente: Qual o seu conceito a respeito do trabalho lançado de forma
física e do virtual?

Renato: Bom, o EP foi feito no esquema 'do it yourself'. Encarte cortado na mão, CD queimado em casa, adesivos colados no rótulo. Isso pode ser tratado com um luxo, hoje em dia, com o MP3. Mas o disco sempre foi, e sempre será uma peça necessário pra gente. É como uma meta a ser cumprida, um objetivo finalizado. Poxa, é o registro de uma época de nossas vidas! Tem que envazar uma energia, condensá-la em alguma matéria, não só como um símbolo de uma época, mas como um objeto útil, vivo.

Fernando: Eu prefiro que chegue ao público em todos os formatos possíveis, à escolha de cada um. Valorizamos a arte visual e não damos como morta nenhuma midia. Independente de como lançar, tem que ter uma unidade visual e de repertório para ser identificado como um disco (uma obra).

Luan / Underpendente: “Poperô da Reposição Hormonal” é uma música do próximo trabalho do Seychelles que já está para download na net, e a banda já vem tocando em seus shows. O público vem dando boa resposta a respeito da música?

Renato: Pra mim, ela é divertida de tocar. É a nossa dada-música. Desconstrói, arrisca, não explica, entretem. E o nome dela não é mais esse. Encurtou pra 'Poperô'.

Fernando: Poperô é sempre das músicas mais festejadas pela galera que vai nos ver ao vivo (apelidada de “segura os peitos” pelas meninas). Ela tem algo de lento e romântico quando começa, ai um baixo distorcido entra e tudo vira eletro, mas volta pro calmo e termina caótica. É uma das músicas que nunca sai igual de um show pro outro pelo fim maluco que tem.

Luan / Underpendente: Além da música “Poperô da Reposição Hormonal”, a banda já divulgou o nome do próximo álbum intitulado ‘Nananenen’. Ele vai está na mesma linha dos trabalhos anteriores do Seychelles?

Renato: Nananenen é a ponte. Ponte pra onde? Fecha os olhos e vem... é a pílula vermelha.

Fernando: No Nananenen exploramos sem exagerar, conseguimos trazer beleza e melodia, uma poética com raiva. Rumo a ser um pouco política e suja, mas o acabamento ficou ainda melhor que o Ninfa. Ficou elegante.

Luan / Underpendente: Nananenen, lançamento oficial 5/7 no CCSP. Ele será lançado pela Mondo 77 ? Comenta mais sobre?

Renato: O Gustavo da Mondo sempre deu uma puta força pra gente. Um dos shows mais impressionantes que o Seychelles já fez foi no antigo Mondo 77, bar de Campinas. E tinha pouca gente, mas a gente conseguiu sorrisos de todos. Desde lá, a coisa foi se estreitando. Se olharmos pra trás, dá pra traçar uma linha, e essa parceria é só uma continuação natural do processo. Show especial. Os lançamentos são os momento onde a gente deposita a maior energia da banda. É nossa superação. To empolgado.

Fernando: A Mondo foi a que mais nos valorizou. Nosso baterista (Paulo Chapolin) voltou de uma reunião com eles e me falou: Eles nem precisaram ouvir o disco pra lancá-lo por que acham que vindo do Seychelles é fantástico de qualquer maneira.

Luan / Underpendente: Como e de quem foi a idéia de pôr o nome do próximo disco da banda de ‘Nananenen’?

Renato: Coisa do Coelho. Abracei de prima.

Fernando: Foi minha com apoio e fé do Renato, como somos quatro, nos dividimos por um tempo sobre o nome, acabei tendo que explicar milimétricamente o conceito. Desde as letras e estéticas dentro das nossas músicas até o logotipo que criei para mostrar como o nome poderia ser gráfico e sair do contexto apenas musical.

Luan / Underpendente: O que a banda tem escutado atualmente? Isso influi nas composições
para as músicas do Seychelles?

Renato: Vixe.. Cada um no seu mundo. As vezes rolam umas intersecções. Eu to no under 60´s. Tudo que seja mono, mas com músicos de verdade, to ouvindo.
Sei que o Gustavo tá na onde Western.

Fernando: Mesmo estudando música mais séria e ouvindo trilhas sonoras antigas acabamos sempre reverenciando Beatles, David Bowie e Mutantes.

Luan / Underpendente: Fernando e Renato, das bandas do cenário independente brasileiro, qual vocês mais curtem?

Renato: Mamma Cadela é irmã, mas eu não canso de elogiar porque os caras são foda. Ninguém faz o que eles fazem e sobram. Vanguart também é um 'colírio' pros ouvidos. Daniel Belleza & os Corações são foda, tb. Eu gosto da banda pelos shows. É lá que eu sou (ou não) convencido pelo espetáculo. A Monique Maion também tem uma presença incrível, além de um puta voz refinada... Coisa rara, hoje em dia.

Fernando: Ludovic, Charme Chulo, Patife Band, Tatá Aeroplano e as instrumentais Hurtmold, Fóssil, Músicas intermináveis para viagem e Discotiki.

Luan / Underpendente: A respeito dos meios de divulgação de música independente, o que você tem a dizer sobre? Qual seu preferido e qual deles mais têm ajudado o trabalho do Seychelles?

Renato: Todos. Não tem um que vai te resolver a vida. Tem que ser incisivo, espaçoso.

Fernando: Hoje em dia, sendo independente, não é tão impossível chegar nos meios de comunicação. Mas como chegar requer trabalho e contatos, isso no Brasil custa um tanto, de alguma maneira ou outra. Continuaremos garimpando boa música na Internet e nos esmurrando na frente da televisão.

Luan / Underpendente: Ouvi falar que o Seychelles estava preparando um DVD de um show da banda que conteceu em São Paulo. É isso mesmo?

Renato: Flavio Soares editou.. Maior galera gravou. Tá pronto, nos finalmentes. Tá under com requinte.

Fernando: O DVD já está finalizado, mas não foi pensado uma maneira de lançá-lo ainda, por enquanto funciona como material promocional. Mas pensamos em subí-lo em algum site que possa ser visto em alta qualidade de imagem e na íntegra, para quem não pode ver facilmente um show do Seychelles por questões de horários e localidade.
O show em questão foi no MIS (museu da imagem e do som) e fez parte de uma projeto que juntava imagem e música, acabamos nos apresentando na frente da tela do cinema com imagens sobre nós, com edições do nosso cinegrafista Ricardo Seco.

Luan / Underpendente: Além do CD novo, existem outros projetos que a banda deseja apresentar ainda em 2008?

Renato: A banda, eu não sei. Queremos lançar esse disco e tocar bastante. Mesmo! Isso naturalemente nos levará a outras possibilidades. É assim. Tem que surfar os momentos. Remar a favor e estar aberto pro que a estrada nos traz. Quero tocaar!

Fernando: Juntamos 2 amigos, o Ladislau (baterista do Mamma Cadela) e Mauro Motoki (guitarrista do Ludov) com o nome de "O Homem Ancestral". Esse projeto toca ao vivo os discos que nosso cantor Gustavo Garde gravou em parceria com o Renato, e por enquanto vamos tocando despretenciosamente por bares que acomodam a sonoridade deste projeto. Eu gravei com o Renato e com o Vanilson (baixista do Mamma Cadela) um disco chamado "Sala do Aborto", que conta com várias participações de amigos de algumas bandas de São Paulo e vamos liberá-lo no site do Seychelles até o fim do ano.

Luan / Underpendente: Obrigado pela entrevista Fernando e Renato! Que mensagem vocês deixam agora para o público que acompanha o Seychelles?

Renato: Tome conta do seu metro quadrado, onde quer que vc esteja. Tenha um cantil na mochila, e aprenda a nadar. E estão todos convidados pro show de lançamento do Nananenen, dia 5 de Julho, no CCSP.

Fernando: Dêm mais atenção as bandas que você consiga distinguir os instrumentos, que o instrumental dê prazer ao ser descoberto e que as letras instiguem algo a mais do que a pura diverção manjada. Apreciem um velho pianista de Jazz como um bom vinho Chileno ou um grande meste de Kung Fu.
Link's do Seychelles:

3 comentários:

Fubeca disse...

é isso aí, rabbit!

Mundo Cólica disse...

seychelles♥

parabens pela entrevista
ótima!

eu nao sabia do DVD,bem cool isso!
eu quero,nunca pude ir no show deles.

valeu!
beijos*))

Eden disse...

Kra, muito legal a entrevista. Ainda não conhecia essa banda. Abraços.